ilustra 151 Graciliano HanaLuzia web

Para lembrar os 70 anos da morte de Graciliano Ramos, no dia 20 de março de 1953, chamamos o professor e pesquisador Thiago Mio Salla (USP) para selecionar os três títulos que mais lhe chamam atenção na obra de Graciliano. Mio Salla é especialista na obra do escritor alagoano e recentemente publicou Graciliano na terra de Camões (Ateliê Editorial e Nankin Editorial), uma investigação que cruza o atlântico, reúne e discute a recepção crítica de Graciliano em Portugal.

***

1º – S. Bernardo
Trata-se do meu livro preferido de Graciliano Ramos. Todas as vezes em que o releio fico admirado com a precisão de cada frase e com o poder de Paulo Honório em se assenhorear da narrativa e em se agigantar (mesmo no desenrolar de sua derrocada) diante de tudo e de todos.

2º – Angústia
Mais um livro sensacional. Aqui o destaque vai para a introspecção exercitada em vertiginosa profundidade, em que psicologia e vida social caminham de mãos dadas para traduzir de modo único o emaranhado de desejos, frustrações e humilhações do protagonista e produzir o efeito de angústia que perpassa a narrativa.

3º – Vidas Secas
A obra mais canônica, mais celebrada de Graciliano que materializa muito bem aquilo que seria um dos grandes legados do autor: a conjunção entre rigor formal, introspecção e problematização da miséria, da exploração, da alienação, entre outros ingredientes que compõem um caldeirão de conflitos bem brasileiro, prestes a explodir.